Amilcar L. Cabral

Amílcar Lopes Cabral

Mindelo, 10 de Dez 2022 | Universidade do Mindelo (UM).

Nota:

Amílcar Lopes Cabral (Bafatá, Guiné Portuguesa, actual Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973) foi um político, agrónomo, Poeta, Pensador da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Amílcar Lopes da Costa Cabral, também conhecido pelo pseudónimo Abel Djassi, nasceu a 12 de Setembro de 1924 em Bafatá, Guiné-Bissau (antiga Guiné Portuguesa) e morreu a 20 de Janeiro de 1973 em Conacri, Guiné. Filho de Iva Pinhel Évora (Guiné) e Juvenal Cabral (Cabo Verde).
Aos 8 anos, partiu para viver com a família em Cabo Verde, em Santa Catarina, na ilha de Santiago, onde completou os seus estudos primários. Mais tarde, ele se mudou com sua mãe e seus irmãos para Mindelo, onde concluiu o ensino médio em 1943.
Foi para a Praia e entrou na Imprensa nacional. Mas apenas um ano depois obteve uma bolsa de estudo e entrou para o Instituto Superior de Agronomia de Lisboa em 1945, e ao mesmo tempo iniciou a sua actividade política. Após se formar cinco anos depois, encontrou um emprego na Estação Agronómica de Santárem, onde permaneceu durante dois anos. Em 1952, assinou um contrato para trabalhar para os Serviços agrícolas e florestais da Guiné e partiu para Bissau.
Foi durante o censo agrícola de 1953 que ele adquiriu um conhecimento preciso das condições de vida e da realidade económica em que a população vivia.
O ponto de viragem veio em 1959. Amílcar Cabral, seu irmão Luis Cabral, Aristides Pereira, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin fundaram o partido clandestino PAIGC, o Partido Africano para a independência da Guiné e Cabo Verde. Apenas quatro anos depois, o PAIGC saiu do esconderijo e se estabeleceu em Conacri, capital da República da Guiné-Conacri.
Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar Cabral foi assassinado por dois membros do partido em Conacri.

As múltiplas facetas de Amilcar Cabral, enquanto líder, poeta, engenheiro agrônomo, cientista e humanista foram elevadas na cerimónia de Doutoramento Honoris Causa, a título póstumo, pela Universidade do Mindelo tanto pelo Magnifico Reitor Albertino da Graça, como pelos Presidentes da República de Cabo Verde, Doutor José Maria Neves, e de Portugal, Prof Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, e ainda pelo Presidente Fundação que carrega o seu nome, Comandante Pedro Verona Pires e a filha Iva Cabral. Foi uma cerimónia de consagração e de valorização da vida e obra  de A. Cabral, mas que também, nas palavra do Magnifico Reitor, honra e dignifica a Universidade que, neste Dia Internacional dos Direitos Humanos, completa 20 anos sob o lema “Universidade do Mindelo, 20 anos a crescer e a formar Cabo Verde.

O Presidente da República, José Maria Neves, considera que o pensamento de Cabral é “uma bela lição para a política em Cabo Verde hoje” e uma resposta para as diferentes questões e os desafios que acontecem actualmente no mundo.
O Presidente da República que fez questão de “trazer Cabral para os dias de hoje”, apontou vários outros aspectos do seu vasto legado, nomeadamente a sua “pedagogia política” e faceta de “grande multilateralista que defendia as Nações Unidas, o direito internacional e a solução negociada dos conflitos”.

Presidente de Portugal destaca méritos de Cabral
Por sua vez, o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, convidado a fazer o elogio académico, mostrou-se “privilegiado” com o convite, considerando que a atribuição, a título póstumo, do grau de Doutor Honoris Causa a Amílcar Cabral é a consagração dos seus méritos no saber, na militância cívica e na personalidade moral.
Segundo o Presidente português a distinção a Amílcar Cabral poderia ser em qualquer parte do mundo, como Bafatá, em Santa Catarina de Santiago, na Praia, em Lisboa, Santarém, Angola, Bissau ou Conacri. Mas, opinou, tinha de ser na cidade do Mindelo onde Amílcar Cabral terminou o liceu há 80 anos.
“Poderia ser em qualquer parte do mundo porque Amílcar Cabral foi e será de todo ele. Tal como a paz, a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a tolerância, o diálogo que o fizeram grande entre os grandes, mas tinha de ser aqui no Mindelo pela mão de uma universidade, por natureza universal e portadora dos seus valores, em encontro de universitários”, sentenciou o Chefe de Estado português, acrescentando que, no Mindelo, Amílcar Cabral recebe a consagração dos seus méritos no saber, na militância cívica, na personalidade moral.
“O seu doutoramento Honoris Causa é isso mesmo. Gratidão, homenagem, proclamação de exemplo. Ao estudioso, ao cientista, ao teórico e ao prático, ao especialista e ao humanista, ao pensador e ao homem do terreno, das pessoas de carne e de osso, ao universitário da universidade dos livros, e ao universitário da universidade da vida”, argumentou o Presidente da República portuguesa.

Pedro Pires foi padrinho da cerimónia
O comandante Pedro Pires, ex-Presidente da República de Cabo Verde, actual presidente da Fundação Amílcar Cabral, colega de Amílcar Cabral na luta colonial e padrinho da cerimónia, revisitou, na ocasião, o percurso pessoal de Amílcar Cabral, o convívio, a colaboração e a cumplicidade política de ambos na luta de libertação nacional.
Destacou em Amílcar Cabral aspectos como “a formação da sua personalidade singular e de cidadão, de combatente anticolonialista de estratega político e militar, de pensador e humanista, de líder e condutores de homens, seus companheiros de arma ao serviço da nossa libertação”.
Sublinhou, igualmente, que a presença dos dois chefes de Estado, de Portugal e de Cabo Verde, “empresta à cerimónia uma expressão engrandecida de grande alcance cultural e político”.

Refira-se que apesar de não se ter deslocado a Mindelo, São Vicente, a filha de Amílcar Cabral, Iva Cabral, agradeceu a distinção numa intervenção através de registo em vídeo.